novembro 06, 2019

AMIGOS INUSITADOS E DESCONHECIDOS

Existem muitas situações na vida que nos levam a viver de forma interessante, pois estas nos levam a fazer coisas que não esperávamos fazer e tampouco talvez nem desejássemos realizar. Mas elas acontecem e nos envolvem sem percebermos. Assim, percebo do alto de minhas seis décadas de existência que estou vivendo, não tenho direção sobre meus passos existenciais e tampouco. se pensar de forma puramente humana, entenderei que minha vida é conduzida pelas circunstancias naturais da vida. As ondas existenciais levam-nos conforme batem nos arrecifes submersos, consequentemente não vistos por quem navega, mas que podem machucar bastante. Agora, se pensamos pelo prisma mais importante da vida, que é nossa caminhada espiritual, então é que não temos mesmo nenhuma ingerência sobre nossos pés, muito menos sobre nossos passos.

Assim, vivemos, cada dia de uma vez, ou um dia de cada vez, cada momento, todo instante é contado ou não para entendermos que a vida nos conduz e nos envolve como uma onda avassaladora. Quando estou em algumas situações sociais naturais, me vejo entre "amigos" que na verdade não são amigos de fato, são conhecidos com relacionamentos um pouco mais próximos para determinadas ocasiões: academia, culto religioso, sessão de cinema, passeio ao shopping etc. Mas, pensemos bem, acaba aquele evento, aquela situação, o que resta? um bom dia, olá, tudo bem no dia a dia? Será que podemos fazer melhor isso? Será que poderíamos viver sem as limitações de tempo e espaço? Será que poderíamos gostar mais das pessoas do geralmente que acontece? 

Não somos amigos. Não somos colegas bons. Nãos somos companheiros. Enfim, não somos parceiros de vida, de caminhada, de existência. Somos solitários ambulantes que sobrevivem enquanto convivem superficialmente com o outro, mas vivemos sós. Alguém já disse certa vez que somos seres solitários no meio de uma multidão. Quanto mais vivo mais percebo ser este dito uma máxima contundente. Caminhamos uns ao lado dos outros e ao mesmo tempo não nos conhecemos. Somos um universo de "amigos" inusitados e desconhecidos, não escolhemos, não somos escolhidos, vivemos a revelia do tempo e espaço em que transitamos no cotidiano hodierno. E, o interessante, é que cada vez mais estamos mais e mais desconhecidos iludidos.

Quero mudar isso em minha vida. Quero ter amigos, de verdade, mesmo poucos mas amigos de fato confiáveis e confiantes. Quero caminhar no meio da multidão, como em um mar bravio, mas consciente de ter meu ou meus portos amigos, alguns poucos queridos para onde eu possa correr nos momentos de medos, ansiedades e angústias naturais. Vamos pensar um pouco nisso e começarmos a formar comunidades, grupos que seja realmente comunidades de convivência e amizade. Precisamos um do outro, a vida que Deus nos deu é gregária, é comum, e por fim, mas não menos importante: é amar.

{Rev. Maurício Ferreira}

outubro 17, 2019

SER PASTOR CONTEXTUALIZADO


Hoje discutimos muito acerca da atuação pastoral nas mais diversas áreas da atividade pastoral. Muitas são as dificuldades, muitas são as atividades e além disso bastante é a base psicológica e psicossomática da área pastoral. Vivemos em constante pressão, o que é natural, pois embora a Igreja seja um organismo vivo como Corpo de Cristo, ela funciona como uma empresa, como uma organização na sua vida logística e funcional. Mas, ao mesmo tempo ela é um Corpo, uma família, um rebanho. E o papel pastoral nela é importante porque Deus levanta seus pastores para cuidar do rebanho dEle, treina, prepara, capacita e envia para que o rebanho seja bem cuidado. Qual é a dificuldade? Pastores são seres solitários, pastores sofrem com qualquer membro de Igreja, pastores não têm amigos. Sim, pastor é um ser humano como outro qualquer, que recebe a vocação divina para cuidar da Igreja.
Eu, penso que o pastor tem três áreas de atuação em sua vida: o mundo em que ele vive, a Igreja que ele pastoreia e o seu lar onde ele convive. Enquanto cidadão de um país, um estado um município o pastor é mais um e precisa agir como tal. Mas junto a sociedade precisa também mostrar quem é e qual a seu oficio, para que seu testemunho seja visto ao ouvir-nos falar no amor de Deus. A Igreja que o pastor é parte precisa de pastoreio, de apascentamento e da condução juntamente com os demais líderes para se manter firme. Mas antes precisa olhar o pastor como um membro dela, não como um ícone, ou o líder performático que domina com mãos de ferro. O pastor é o irmão que se preparou para ensinar, mas ao mesmo tempo para exortar, caminhando junto do rebanho e dando exemplo e mostrando exemplos. Quanto ao lar, o pastor continua a ser pastor, pois esse é o seu ofício eterno, mas precisa ter seu lar como o oásis de sua vida. Este ambiente precisa ser o lugar de descanso, relaxamento, conforto e consolo. Ele precisa ser o esposo amoroso, que destila amor, e que ministra amor, ao mesmo tempo o pai com todas essas características essenciais. Assim, para a vida social precisa-se de amigos e companheiros de jornada, para a vida eclesial da mesma forma, tem que ser amigo do povo, líder e gestor ao mesmo tempo e em casa precisa se tornar amigo além de esposo e pai. Mas, o pastor não aprende isso nos seminários, pelo contrário ele aprende que pastor é solitário, não tem amigos de forma geral, não pode se abrir com ninguém, não pode ter fraquezas, limitações, erros. O pastor é inexpugnável. E assim ele entra no ministério, achando-se o super homem, que pode todas as coisas e não como homem comum pecador e falho como qualquer outro. Isto tem frustrado muitos, e leva ao perigo da depressão ante o choque de realidade ministerial, e até mesmo os suicídios que tomamos conhecimento nos nossos dias.
A conclusão ante esta minha reflexão é que não sabemos lidar com as idiossincrasias da liturgia do oficio pastoral. Então caminhamos ou sublimando a realidade e buscando agir como super homens, ou desmotivando-se ante a realidade e entrando na sombra da morte, desistindo em vida da vida. Complica-se cada vez mais quando se fica somente com os ensinamentos acadêmicos e perde-se a essência do cotidiano; também quando se superestima e assim perde as forças no meio do caminho ante as desilusões naturais de toda função sobre a face da terra. Portanto, que cada pastor entenda que é ser humano, falho, limitado, fraco como qualquer outro homem: tanto na sua vida social, entendendo que precisa de seu círculo de amizades naturalmente, e vivendo com bom testemunho no meio em que vive, mas sempre consciente de que não está acima do outro; quanto na vida eclesial, mostrando que mesmo sabendo um pouco mais, talvez, para seu ofício de docente, ele é a Igreja, é como todo membro responsável pela missão da Igreja santa, una, espiritual, sobrenatural e celestial. A verdadeira Igreja; e por fim, viver sua família como aquele oásis que Deus lhe Deus para o descanso confortável e receber e doar o consolo gracioso de Deus. Que se consiga aprender a ser pastor de Deus em toda e qualquer esfera para a qual Deus chamou o pastor.
{Rev. Maurício Ferreira}