Estamos
iniciando o mês de outubro. O mês de outubro é muito significativo para o
protestante presbiteriano, como o evangélico histórico de uma forma geral.
Neste mês, no dia trinta e um acontece o estopim de toda história evangélica
que conhecemos hoje.
Conhecemos
um mundo evangélico voltado para as Escrituras, para Cristo, para uma Fé
salvadora, todos embasados numa graça que espelha o amor divino pela
humanidade, nos dando a paz que almejamos e expectamos todos os dias e cada vez
mais. Por isso o lema da Igreja pós Reforma é Soli Deo Gloria (SDG), isto é:
Somente a Deus toda glória. Sola
Scriptura; Solus Chritus; Sola Fide; Sola Gratia e Soli Deo Glória, com
estes cinco “solas” se construiu a história da Reforma Protestante iniciada no
Século XVI até nossos dias.
Nos
anos que antecediam a 31 de outubro de 1517. Deus estava providenciando os
preparativos para transformar uma Igreja que tivera origem em Jesus Cristo, e
que até por volta do século quarto viera dentro dos padrões por Ele
estipulados, embora com algumas interferências e ingerências humanas. Mas, a
partir do quinto século muitas coisas estranhas as Escrituras começaram a
acontecer, Deus foi deixando de ser o Deus da Igreja para que o homem dela tomasse
conta. Felizmente, Deus não fica passivo ante as loucuras do ser humano, e por
isso, no século 12 começou a levantar homens para fazerem o povo pensar: os
pré-reformadores.
Continuando, nosso tema, vamos pensar na
pré-reforma. Era a Idade Média, os dias eram maus, a Igreja estava em
polvorosa, homens incrédulos tomaram as posições de lideranças. O que era
concedida por venda de posto, quem tinha poder aquisitivo comprava um posto
eclesial; de acordo com o valor oferecido, hierarquicamente o posto era mais
alto. Também a posição socioeconômica influía nestas divisões de postos. O
homem buscava assumir posições de liderança eclesial porque dava status quo
naqueles dias.
Isso disseminou na Igreja uma falta de senso
espiritual, tornando-a meramente política. Liderava-se a Igreja daqueles dias
por politica e isso fez decair a qualidade da Igreja de Jesus Cristo. Quando um
líder político “se convertia”, toda sua não era considerada cristã,
independente do que os habitantes do lugar pensavam, eram incluídos como
prosélitos na comunidade eclesiástica. O que fez com que aparentemente, a
Igreja crescesse de forma assustadora.
Assim, portanto, caminhava a humanidade
eclesial. Como já disse: Deus não ficou passivo ante esta situação, e começou a
levantar servos pensantes, que não aceitavam a situação como estava, a teologia
deixada totalmente de lado para que pensamentos geopolíticos fossem implantados
na Igreja. Grassava a corrupção, mortes inexplicáveis de líderes na batalha
pelas maiores cadeiras. Assim, começaram a surgir os reformadores através do
pensamento voltado para as Escrituras. Homens que Deus levantava no seio da
própria Igreja.
Deus olhava a história de Sua Igreja,
conduzida pelos homens incrédulos, que certamente tomavam o “Seu Santo nome em
vão” e utilizava-O para seus deslizes e desmandos ao conduzir o Corpo de
Cristo. O que fez o Santíssimo Deus? Trouxe um novo dilúvio e reformou a aquele
que sempre fez parte de Seu gracioso e Soberano coração? Na verdade não foi um
dilúvio físico, mas sim um dilúvio espiritual.
Deus, a partir do Século XI iniciou o
processo de reforma de Sua Igreja. Como já disse, Ele começou a levantar
pensadores no meio da massa manipulada e inerte para fazer o povo pensar. O
povo não estava satisfeito, não gostava do que via, mas ao mesmo tempo não
tinha forças para lutar contra o clérigo com a sua força política e bélica. Os
reis temiam o episcopado daqueles dias.
Assim, surgiram homens como John
Hus, o ganso, servo pensador, grande pregador, que se insurgiu contra o
papado e morreu logo numa fogueira, mas ficou a chama da insurreição. Vieram
outros, e o mais evidente deles foi Guilherme de Savonarola, que subia
nos púlpitos para apregoar a santidade, tão pouco observada naqueles dias. Sua
pregação foi tão contundente em Florença que se montou uma pilha nunca antes
vista de literatura imprópria na praça para ser queimada. Também foi
martirizado.
Assim, do Século XI até o Século XVI as vozes
proféticas do Senhor foram se avolumando no seio da Igreja desnorteada, infiel,
mas também insatisfeita com o andar desta.
Deus assim iniciou um
processo encabeçado por pensadores. Do outro lado, também surgia novos estopins
para que os acontecimentos dessem continuidade. Dona de si, a Igreja dominante
daqueles dias achava-se intocável e abriu um processo para a construção da
Catedral de São Pedro, promovendo a venda de indulgências.
Na Alemanha, o monge
Martinho Lutero, depois de não se conformar com a pregação da Igreja de seus
dias, e não conformado com a possibilidade de só entrar no céu aquele que
tivesse alguma posse, começou a apregoar a graça divina. Isto culminou na
fixação das suas 95 teses na capela do Castelo de Wittemberg no dia 31 de
outubro de 1517. Era um feriado, e provavelmente toda comunidade passaria por
aqueles portais para assistir as missas do dia. O evento teve uma repercussão
não imaginada, pois inicialmente tinha o cunho de promover um debate entre os
intelectuais daqueles dias. Deste fato nasceu a Reforma Protestante do Século
XVI.
Com este ato, deste grande servo de Deus,
muitos progressos também vieram para o povo de Deus, provindos da Reforma e do
iluminismo intelectual que grassava naqueles dias. A tradução da Bíblia para
praticamente todos os idiomas conhecidos da época, talvez tenha sido o maior destes
progressos. Pois o povo passava a ter acesso direto a Palavra de Deus e assim
poderia aprofundar-se nos estudos, e conhecendo as Escrituras poderia tirar
suas próprias conclusões quanto aos erros moral e espiritual, cometidos contra
a Igreja e o Deus da Igreja naqueles dias. Deus
agiu!
{Rev.
Maurício Ferreira}
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