A
afirmação e: “Homens é que somos” disse Charles Chaplin, num épico filme de sua
biografia profissional. Ele refutava os sistemas de produção daqueles dias e
levantava um debate sobre a possibilidade de se pensar na pessoa, mais do que
na sua produção, pensar mais num projeto bem definido e justo que na exploração
mercantilista selvagem de seus dias.
O mundo
continua o mesmo, independente do sistema de produção, o homem continua a
explorar o homem. Mas, minha intenção hoje, é buscar pensarmos no que somos
como seres humanos, como homens e mulheres que transitam e tramitam por este
universo virtualizado hodierno. Por isso, quando observo o ser humano,
compreendo que somos homens que intentam viver uma vida em busca de prazer,
conforto e status quo. Os prazeres se buscam em tudo que se possa encontrar, e
muitas são as opções nessa terra. O conforto se busca na posição socioeconômica
do quanto mais, melhor é. E o status quo se busca na bajulação incontida de
outros que nos possam oferecer o que desejamos, ou as posições que se almeja
alcançar.
Somos
homens sem escrúpulos e sem rumo. Somos homens sem norte e sem consciência.
Somos seres zumbizados que seguem as ditaduras atuais, e que não pensam e não
raciocinam para tomar decisões, que na maioria das vezes já vêm formatadas pela
autoajuda pseudo pensante dos dias atuais. Andamos errantes pelo mundo sem uma
referencia, e sem alguma intencionalidade natural, pois não se sabe onde está,
para onde se vai ou o que se faz.
A
dúvida é: somos realmente o que pensamos ser? Somos homens que pensam, planejam,
projetam e realizam conscientemente tudo que deveríamos realizar, projetar, planejar
quando pensado? Na verdade, na mais profunda reflexão cultural, sociológica,
psicológica e espiritual, nós não sabemos realmente quem somos. Por quê? Porque
na verdade não sabemos nada sobre o ser humano, como ser humano criado e
colocado no ambiente mais propício a uma vida a ser bem vivida. Fazemos mal ao
nosso habitat natural, ofendemos ao nosso próximo, machucamos a quem amamos,
exploramos o nosso semelhante, escravizados pela ambição egolátrica
escravizamos a quem devíamos amar como a nós mesmos. Assim, será que somos
realmente quem pensamos ser? Somos homens, na mais intensa expressão do termo?
Para
pensarmos assim, necessitamos ver o por quê somos quem somos, mesmo sem saber
realmente quem deveríamos ser. Somos quem somos por causa de atos passados da
humanidade, agora caída desde o Éden. Somos quem somos por causa da rebeldia
humana diante daquele que projetou tudo perfeito, e que tornamos neste caos em
que vivemos nossa história. Por isso, a dúvida é relevante: somos? Não, não
somos quem deveríamos ser, ou fomos criados para ser. Isentos de pensamentos e
sentimentos negativos, humildes ante Deus e o nosso próximo. Autênticos,
transparentes, de forma que nenhuma cera pudesse obstar nossa face ante Deus e
ante o próximo. A ironia de tudo isso é que podemos nos oculta ante o outro
homem, mas jamais o poderemos ante o eterno Deus. Então, ele conhece no nosso
coração corrupto e enganoso.
Então,
amado(a), não se engane, de Deus não se zomba. Você na realidade não é o que
foi projetado para ser, homem criado à imagem e semelhança da economia divina.
Você é pecador e como tal está incompleto. Falta-lhe a porção que somente Deus
pode dar, assim, pense um pouco. Pare de se iludir, enganar. Você não é, o que
pensa ser, pois o que pensa é somente uma imitação de algo ou alguém que já
passou pela história e imitou a outrem. Portanto, vamos caindo nesta realidade,
nos conscientizarmos que precisamos de algo mais, precisamos ser completados,
ser íntegros, inteiros, plenos em nós mesmos, isto significa recuperar a Imago
Dei.
É
pode ser. Pode ser que a minha vida seja restaurada, que a minha alegria seja
recuperada e que a minha plenitude seja reparada plenamente naquele que começou
uma grande obra em mim, que está realizando-a paulatinamente a cada dia e que,
conforme a sua promessa há de completa-la. Aquele que guarda o nosso tesouro
até o dia final, e quando estivermos frente a frente com o soberano juiz,
colocará este tesouro ante nós. Pode ser, que tudo que pensamos ser, que na
realidade não somos, possamos realmente ser, se não até aqui, a partir daqui,
em Cristo Jesus.
Pode
ser, não por duvidar do que Deus possa fazer, pode ser por duvidar do coração
humano e das intenções homéricas do ser humano. Não duvidando do que Deus possa
fazer sei que seu poder é para dinamitar pedra e não areia. Sei que não existe
empedernido coração que não possa ser transplantado pelo seu amor imensurável,
inefável e inenarravelmente amoroso. Ele tira um e coloca outro, ele trabalha
para aquele que nele espera, ele opera maravilhas miraculosas na vida daquele
que vive sob seus auspícios, sob sua égide. Portanto, pode ser, também, porque
não conhecemos os mistérios contidos no coração de Deus.
Isto
posto, quero lhe dizer que mesmo sem saber o que oculto está, devemos
prosseguir para o alvo que nos está proposto, caminhando céleres,
diligentemente operosos a cada passo que damos e fazendo diferença corajosa a
cada palavra que proferimos. Somos filhos de Deus, nascidos dele. E por isso
devemos mostrar em alto e bom som que Deus é Senhor em nossas vidas. Devemos
proclamar este indizível amor paternal que ele expressou pela humanidade desde
a criação do mundo, falar dessa misericórdia intensa que ele demonstra
longanimamente por nós a cada dia. Gritar bem alto que somos dele e isto é
inegociável, porque o preço que foi pago pela nossa vida não se pode calcular.
Portanto,
querida(o), pense bem. Primeiro você tem uma grande ilusão ao pensar em você
como é; segundo, por exatamente não ser o que pensa ser, você vive nesta ilusão
que a nada e a nenhum lugar te levará e terceiro, existe uma saída: Jesus
Cristo. Somente ele poderá te fazer sair dessa ilusão em que vive, te mostrar
que você é, na verdade carente, e te dar o rumo e a vida que necessita. Deixe a
luz do sol brilhar em sua vida, pois somente Jesus Cristo salva.
(Rev. Maurício Ferreira)
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